sábado, 21 de novembro de 2009

Aos encontros e aos momentos...






Não sei se é o meu momento, ou a minha nova forma de enxergar as coisas, mas tenho tido, TODOS
OS DIAS, encontros e momentos inspiradores. Não é exagero, e nem arrogância, tenho mesmo me enchido
de emoção e me motivado com coisas simples.

Encontro, na minha cabecinha, se resumia a duas coisas: o de amor, e o profissional.
E é tão maior que isso, e com infinitas definições...

Toda essa luz surgiu quando li um texto de Goethe, que fala da movimentação que acontece quando nos
propomos a realizar um projeto.
E, o mais engraçado foi que depois desse insight, algumas músicas, textos, filmes e conversas surgiram
abordando o mesmo assunto.

É um tema muito clichê, frequenta estantes de auto ajuda, músicas melosas, filmes frustrantes...Mas não deixa
de ser um tema real.

Cansei de dizer e de ouvir: Por que meu projeto não fluiu? Por que não dei certo com esse tal cara? Por que essa amizade
tão antiga não funciona mais? Pô, é simples: DESENCONTROS. No final daquela música da Vanessa da Matta com Ben Harper,
ela diz "Um bom encontro é de dois". É isso! Com tudo - encontro: de ideias,pensamentos, na profissão, com si mesmo, de projetos,
apaixonantes, reencontros, ir de encontro a...

A terceira lei de Newton diz: "Se um corpo A aplicar uma força sobre um corpo B, receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma direção e de sentido contrário."
Agora imagina, você ir com tudo de encontro com o nada? Vai causar algum impacto? O objeto que você esperava colidir, nada tem a ver com isso.
Foi simplesmente um desencontro.

Todo encontro nos causa alguma sensação: seja de arrepio, uma ideia brilhante, um desfecho, horas de conversa, de risada,
alguma certeza, alguma dor, ansiedade...
Se vieram de encontro a você, não foi a toa. "Você atrai o que você transmite" ( e não é que essas frases populares fazem o
maior sentido?!)
Até dos encontros com a dor, com a tragédia, podem render atraves da superação coisas incríveis.

Outro dia tive a felicidade de encontrar a Flavia na faculdade depois de um dia dentro da biblioteca, num
calor bizarro. Estava acontecendo "Fala Favela", em homenagem ao dia 20 de novembro, com algumas oficinas (jardinagem, fotografia, música, circo...) e alguns eventos depois.
Eu e Flavia escolhemos a oficina de fotografia. Quando descobri que iriamos construir nossas maquinas, tirar e revelar nossas fotos, me bateu um medo! Pensei logo "Minha maquina vai ser a mais zuada, vou tirar uma foto que não vai
caber nenhuma interpretação, e algum desastre meu vai explodir a sala de revelação" Que pessoa otimista! Hahahahahaha!
Foi tudo maravilhoso, nunca tinha imaginado que construir uma máquina poderia ser tão simples, e como é delicioso participar
de todo o processo...

Depois disso conhecemos um pouco mais o professor que nos ofereceu a oficina, ele é do grupo "Sócio Cultural Raízes em Movimento".
Conhecemos a visão dele, das fotografias, do mundo e da comunidade do Complexo do Alemão.
Passamos a tarde com ele, eu - ouvindo admirada as coisas interessantes que ele e Flavia diziam.
Eles nos falou do Henri Cartier-Bresson, nos explicou do "momento certo" ( um exempo é passar um dia inteiro com a maquina esperando o momento exato, para tirar apenas uma foto), o olhar descolonizado nas fotos, sobre a emoção que as fotografias precisam passar
para serem consideradas arte... Saimos da faculdade, comemos pizza... Foi um encontro, que mesmo com toda diferença, podemos nos entender,
aprender, nos abrir...

O momento -mais emocionante desse encontro- foi quando Flavia contou que quando morou fora, ela começou a colecionar cartão postal, e a exigência dela na hora de comprar os cartões era: "Eles tinham que me emocionar". No meio do papo, ela tirou da bolsa, um cartão lindíssimo preto e branco de um senhor tocando em uma calçada, com várias crianças em volta - cada uma com uma expressão diferente-, e quando eu penso que Flavia não poderia me surpreender mais, ela escreve "aos encontros e aos momentos, Flavia", presenteando o protagonista do nosso encontro.
Conseguiu, claro, deixar todos sem palavras.

Essa é a Flavia: minha amiga de tantos anos, com quem eu tenho inúmeros encontros e reencontros.

À você, minha amiga Flavia, à todos os amores, aos encontros e aos momentos...


* Coloquei fotos do fotógrafo Henri Cartier-Bresson e da técnica que aprendemos(de pinhole -fotografia artesanal)




"No momento em que nos comprometemos, a providência divina também se põe em movimento. Todo um fluir de acontecimentos surge ao nosso favor. Como resultado da atitude, seguem todas as formas imprevistas de coincidências, encontros e ajuda, que nenhum ser humano jamais poderia ter sonhado encontrar. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. "
(Goethe)

4 comentários:

  1. Correções: Exemplo e algumas outras que não lembro agora...

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  2. Tudo me emocionou nesse post. Primeiro porque estou numa fase assim: admirando o simples, me inspirando nas "menores" coisas, ao mesmo tempo tão grandiosas. A Flavia é um presente. Encontros verdadeiros, momentos marcantes, que nos modificam, onde perdemos muito de nós e ganhamos um outro tanto. E assim, vamos nos (re)formulando, "perdendo" antigos conceitos e abrindo um pouco mais a nossa mente, o nosso coração...
    Um brinde: aos encontros e à aceitação do eventual desencontro, que acontece por alguma razão oculta, trazendo novas surpresas e deixando flores.

    Um beijo! Adorei muito!

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  3. Eh Lalá....como vc tá crescendo...e em que velocidade!!!!!!
    Quanta coisa acontecendo, tudo junto e misturado (eheh...Latino...).
    Estou feliz por vc estar sabendo olhar tudo com olhos de ver e sentir...a maioria das gentes olham e não vêem, conhecem e não sentem...é um privilégio ter a inteligência e a capacidade de viver com intensidade cada momento e sabê-lo único!
    Orgulho de vc!
    Beijos.

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  4. Larissa, não tive ainda a oportunidade de conhecê-la, mas como coordenador do Instituto Raízes em Movimento fico feliz que nosso trabalho esteja enraizado em nossos integrantes (no caso, Sadrak - professor de fotografia) e que estes possam ampliar nossas reflexões coletivas na cidade e no mundo que insistem em negar ao Complexo do Alemão e outras periferias de que fazemos parte dessa sociedade.
    Muito obrigado pelos comentários e venha nos fazer uma visita.
    Alan Brum Pinheiro
    raizesemmovimento.blogspot.com

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