terça-feira, 28 de setembro de 2010

Too Many Thoughts

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
(...)

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo

Fernando Pessoa




domingo, 26 de setembro de 2010

Feelings


Sonho é uma palavra que desperta muitas sensações. Aqueles possíveis e impossíveis, aqueles deliciosos de padaria, e aqueles que são frutos do nosso subconsciente, de um dia pesado, da saudade ou até mesmo intuitivos.

Tem dias em que torço para sonhar com alguma coisa, ou com alguém que por algum motivo não convivo mais. Algumas vezes fui atendida, e acordei muito feliz... Quando era mais nova, se eu passasse o dia em um parque, ou brincando muito, tinha pesadelos a noite inteira. Enfim, nessa noite sonhei com algo que nunca pedi. E mesmo quando acordei continuei triste, ainda sinto essa dorzinha agora, que aliás combina bastante com esse domingo cinzento.


Tão difícil entender, o que anda por trás do nossos pensamentos, o que será que nosso subconsciente enxerga? Mas também, se não fosse por ele, não me conheceria tanto, e nem experimentaria sensações que pensei serem inexistentes.

Aos poucos o sonho vai se apagando, assim como a saudade que machucou durante o dia...
Parei de tentar entender esses mistérios das sensações... Não é a toa que somos tão complexos...



" São tempos difíceis para os sonhadores..."


Tenho colocado tanto u2 aqui, e relembrado muitas músicas da adolescência, que eu acreditava que falavam por mim, e hoje vejo que falavam mesmo... =)





sexta-feira, 24 de setembro de 2010

No Guilt

Ainda estamos em setembro, mas 2010 me impressionou muito. Tantas resoluções, tanto aprendizado, que nem reclamarei dessa vez do quanto o ano passou voando. Ele foi produtivo. Posso dizer que com tudo que recebi, até agora, aceitei de peito aberto, e sinto meu crescimento como pessoa. Há alguns anos, não me reconhecia mais. E isso estava me envenenando, e é chegado o momento em que essa bomba explode. As consequências são dramáticas, mas de um valor inestimável. A sua liberdade.


Finalmente aprendi que no matter what precisamos evoluir. O caminho, pelo que eu vejo agora, é a compreensão, a garra, a fé, o amor por tudo, e principalmente por nós mesmos. Nunca consegui ouvir elogios, até hoje me incomodam um pouco. Me sentia mal por fazer qualquer coisa que me desse prazer. Dizia sim para as pessoas, me deixando pra trás em muitos momentos. Mas 2010 me deu de presente a capacidade de não me culpar mais. E de me assumir, me amar... Sou intensa, e descobri que para me movimentar, para fazer meu mundinho girar, eu preciso me entregar, me dar pela metade só me fazia mal, o preço que a outra metade me fazia pagar era muito alto. Hoje me entrego ao que me comove, ao que mexe comigo. Isso, associado ao respeito que sempre tive pelo outro, tem me feito muito feliz... Nunca é tarde, e agradeço muito tudo que me levou até essa paz.



Escrevo isso porque hoje, tive 2 presentes emocionantes, ainda não caiu a ficha. E agora vejo, que toda compreensão que tive, valeu muito a pena. Todas decepções foram necessárias, e os nãos muito merecidos. Constatei que à partir do momento em que você deixa ir qualquer coisa mesquinha, qualquer onda negativa, o vento muda a seu favor. E você finalmente entende o outro, e que o outro é como você. E todos obstáculos muito menores que sua capacidade de renascer.


Obrigada vida, por finalmente me ensinar a me entregar sem sentir culpa. Finalmente a primavera chegou...





quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Drama Queen


Ah, liberdade! Tô me livrando aos poucos de um vício, vício esse mais forte que o doce. O DRAMA. Essa coisinha insuportável, que a gente anda de mãos dadas pela vida. " Meu Deus, que absurdo isso que ele fez comigo" No drama - "Próximo", " Ah, mas eu era a pessoa perfeita p/ esse trabalho" No drama - " Ih, vem um melhor aí", " Mas esse projeto muda o tempo todo, nunca vai acabar", No drama - "Minha chance de crescer, e ser mais versátil"... Poxa, como consumimos nossa energia a toa. Claro que aquele draminha, " poooooxa, acabei de fazer as unhas, e uma já quebrou", "Ái, perdi esse show nãããão acredito", isso é até charmoso... A vida cobra o tempo todo nossa capacidade de contornar situações, relevar... Nessas situações, nos mostramos de verdade.


e daí se as coisas nunca saem do jeito planejado, porque nunca saem mesmo, se seu corpo não é perfeito, algumas metas fluem outras ficam pelo caminho, se a relação acabou, se a saudade dói, seu trabalho foi praticamente perdido, apertos de grana, de coração... Coisas muito mais especiais fazem parte de você e da sua vida, e você nem dá valor... E afinal "Mulher sem celulite não dá nem pra conversar"!!! Vamos colocar em prática nosso lado camaleão... E ter um pouco mais de prazer nessa vidinha mais ou menos! HAHAHAHAHAHAHA

domingo, 12 de setembro de 2010

Life is like a song


Nossa, incrível como alguns artistas conseguem resumir um momento. Aqueles momentos inexplicáveis... Não se pode traduzir emoção né? Sempre penso no momento que um artista resolveu pintar, escrever, compor... Ninguém pode fingir, ou criar algo tão profundo, que sensibilize tanta gente. Aqueles momentos que nos identificamos, dependendo do momento que estamos vivendo.

Saindo do cinema outro dia, esbarrei com dois homens que não são brasileiros, e estão se aventurando aqui no Rio vendendo imagens ampliadas de bandas, pinturas famosas, filmes clássicos numa calçada de Botafogo. Fiquei com vontade de comprar tudo, eles realmente tinham bom gosto. Mas bati o olho no "Beijo" do Gustav Klimt. De repente pelo meu momento, ele foi o vencedor. E está aqui, em frente a minha cama, me fazendo suspirar todos os dias quando acordo.
Incrível tudo. A colcha dele com formas diferentes da dela, flores, sensualidade, tão bucólico, envolvente... A postura dela, desprotegida, delicada contrastando com a dele, viril, vencedor... Aquele momento que o mundo inteiro some, e só fica aquela admiração, carinho, orgulho pelos momentos que tiveram, ou pelos que estão por vir...


Nós, mulheres, batalhamos para construir, manter, colocamos cada pedra da nossa fortaleza. Edificamos, nos adaptamos, não descemos do salto. Nos acostumamos a chorar no banho, a sorrir quando a cólica consome toda energia, quando o coração está todo partido. Mas abrimos mão de qualquer coisa em troca desse momento. Quando nossa armadura está longe, talvez no chão junto com nossas roupas. Nossos cavaleiros que abrem a garrafa de vinho, aquela tampa fechada a vácuo, seguram nossa bolsa, ficam ligados na movimentação da rua, é muito bom sentir essa proteção. E é uma delícia também cuidar desses grandes homens, com todo carinho, sutileza, sabedoria... Nós, que por trás dessa fragilidade somos desbravadoras, bruxas intuitivas, temos uma capacidade imensa de nos recompor, um radar que percebe qualquer coisa anormal, o dom da palavra, do toque... Afinal, tirando a capa de guerreiros, ficam os meninos, eternos meninos.



É, olha o que Gustav Klimt provocou em mim, hahahahahahahaha.







sábado, 4 de setembro de 2010

Fênix

Não é segredo que comecei a escrever para me ajudar a curar uma separação. Me descobri, me expus, sonhei alto, fui nostalgica trilhões de vezes. Que puta remédio foi isso aqui. Além do carinho de mãe, das insubstituíveis amigas, dos novos amigos, do trabalho, e de mim. Vi que sou suficiente, me olhei e gostei do que vi, além de reconhecer todos os pontos que preciso trabalhar. Reservei um espaço virtual, um tempo, me permiti, me senti, cuidei mais de tudo. Vi que o tempo e o silêncio são importantíssimos, e aceitei os presentes que a vida foi aos poucos soltando. Uma separação é dolorosa. Sem dúvida... Dos pais, de amigos, de amores, separações físicas, vazio entre duas pessoas. Aprendi que as duas pessoas podem ser fantásticas, mas quando o tempo delas termina, não tem porque forçar, ou ficar amarrado. É como se você prendesse p/ sempre um beija-flor lindo à sua rosa, ele precisa conhecer e se apaixonar por outras rosas, e a sua rosa precisa ser contemplada por outros beija-flores. Falei muito aqui, aprendi, o blog me ajudou, tudo no passado, não por acabar com o blog, mas porque sou outra, minha vida é outra. E senti vontade de concluir isso. Um marco para mostrar e abordar aqui minhas novas perspectivas, idéias, situações, pessoas, minha crescente paixão pela área do trabalho... Foi delicioso me mostrar. E como isso aqui aliviou minhas dúvidas!!! Hoje, voltando para casa vi uma estrela muuuuuuuuuuito brilhante, grande, deve até ser um planeta, mas prefiro pensar que era uma estrela, e digo mais, to muito metida. Senti que ela me acompanhava, e fiz um pacto com ela, de ser feliz pra sempre. E poder assim trocar muita coisa boa com esse mundo. Que nunca esqueçamos da nossa estrela...












sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Le Petit Nicolas


Quando penso nas primeiras sensações e imagens do mundo me que vem à cabeça, lembro da minha mãe se desdobrando para colocar um presente da "fada do dente" embaixo do meu travesseiro, do leite quase que sem chocolate que meu pai preparava, do meu triciclo, das tardes que passava brincando as vezes até sem saber o nome da amiga, da bruxa que eu tinha certeza que existia atrás da minha cortina, da cabana de edredon que meu irmão construía, dos meus sonhos malucos, e da visão quase futurista que uma criança tem da vida.

Com todos esses padrões estabelecidos, esquecemos o quanto é bom levar a vida com leveza.
Não deixar o medo tolhir você. Olhar para o mundo, de um jeito romântico, cheio de fé, atraído pelos desafios. Se achar especial diante da galáxia, ao invés de se sentir pequeno dentro de um quartinho, ou de um escritório. O que você quer ser quando crescer? Já abandonou seus planos?
Já considera suas manias ridículas e se sujeita ao blasé? Não se estimula mais com aquele sonho maluco?

Lembra do quanto era gostoso, enxergar as coisas com os nossos olhos? Nenhum projeto parecia grande, porque tudo comparado até mesmo à você era imenso (tiquinho de gente), mas não nada superava suas idéias mirabolantes.

Fico extasiada quando vejo fotos de qualquer pessoa, quando criança. Melhor ainda quando reconhecemos na hora, o mesmo olhar.

Eu tenho uma coisa muito maluca, culpa desse coração mole; não consigo guardar nada de ruim de uma pessoa que eu tenha visto como ela era na infância. Está ai a dica para se safar de qualquer uma comigo. De repente se eu visse uma foto do hitler moleque ainda sim ia querer dar uns cascudos. Por isso, salvo as exceções, nada me derrete mais do que um olhar de criança. Ah, outra história: meu ex sogro passou para DVD imagens lindas, de quando os filhos eram crianças. Acho que naquela época nunca fui tão apaixonada pelo meu ex, depois que assisti. E, quando estava chateada com ele, era só assistir (é, fiz uma copia para mim!!!) que toda a discussão sumia da cabeça.


Talvez eu tenha um jeito muito diferente de encarar a vida. Minha mãe diz que pode ser por eu ter sido ou ser não sei uma criança índigo, minhas amigas dizem que por eu ser muito aberta e me entregar com facilidade, meu chefe vive puxando minha orelha pelas minhas reações imediatas e precipitadas...


Se me fizerem essa pergunta, complexa, sacana até "o que você quer ser quando crescer", hoje respondo sem medo: "quero continuar vendo o mundo com olhos de criança". Acho até que existe uma letra com essa frase, talvez brega, clichê, mas verdadeira. Se desse percurso que fiz até agora, tiver alguma coisa que eu possa ter orgulho é disso. De continuar a mesma, com uma bagagem maior, algumas curvas que se eu não tomar cuidado virarão lombadas, umas cicatrizes, algumas responsabilidades, novos sonhos, um pouco menos de ansiedade, um pouco mais de café, de bom senso...


É, o grande desafio é esse...

“hay que endurecer, pero sin perder la

ternura jamás”

che guevara

* Assistam esse filme! Tem gostinho de sonho!!!