terça-feira, 29 de novembro de 2011

Roma, Finalmente






Já entrei no clima de Roma na fila do check-in, conheci o casal romano voltando para casa. Muito simpáticos, perguntaram sobre ilha grande, me passaram uma lista dos lugares que precisava conhecer, das comidas e do melhor tiramisú. O voo foi muito bom, estava preocupada – tinha sido mais barato que a Rayanair, mas foi muito melhor! Com direito a um lanche bem gostoso- Paramos em Praga. Se eu ficasse mais tempo gastaria todo meu dinheiro comprando cristal e bijus!

Realmente saí da Suécia (Parcimônia) e caí em Roma (Excesso). Calor, muito calor, correria, muitas pessoas que pareciam rosnar umas para as outras. A minha sogra me disse para não me preocupar, em qualquer lugar do mundo quando somos educados, e mostramos interesse em aprender pelo menos uma palavra seríamos recebidos bem. Reconheço que por muitas vezes sou muito sortuda. Viriam me buscar do hotel que reservei, mas naquela loucura nunca acharia o moço, se não fosse pelo romano que conheci no avião ligar para ele.

Na van viemos conversando, ele me ensinava alguma coisa de italiano e ria da minha mãozinha estilo novela da globo que eu fazia e me pedia para ensinar português também. Estava com medo do bangalô barato que reservei, mas fui surpreendida! Lugar lindo, muito arborizado e bangalô cheiroso, chuveiro quente forte! Me deram a senha de um wi-fi inexistente. Tudo bem. Minha caminhada seria longa no dia seguinte. Me programei para chegar ao coliseu antes das nove.

Onze horas estava pegando o metrô para o coliseu. Metrô bem caído, mistura de pessoas e seguindo a muvuca cheguei. – Sempre pensei que no dia em que pisasse nas ruínas de Roma, aliás no dia em que pisasse em Roma ficaria emocionada, sentiria alguma ligação. Eu sabia, mas não tinha noção de que tudo foi construído ao redor das ruínas fazendo com que os resquícios das civilizações fizessem parte da urbanização atual. Não chegou a ser frustrante, não tem como. Mas me senti em casa, e com vontade de ter a capacidade de me teletransportar, para ver tu-di-nho!

Graças ao meu Roma pass, e à uma guia maluca, pulei uma fila de 2h do coliseu e conheci a Katie e o Spencer. Katie era from wet Wales (ela dizia isso porque chovia muito, mas o "wet" me confundiu tanto que só fui me ligar que era País de Gales depois) e Spencer era from NY.

Foi muito bom termos nos juntado, enquanto percorríamos o coliseu falávamos do quão grande era. Coisas absurdas assim você não pode presenciar sozinho. Katie é enfermeira e muito doce. Ela e a sueca que me ajudou a achar o congresso em Estocolmo foram as mais fofas. Spencer era advogado, ligado no blackberry em Roma e sua mulher e filha estavam no hotel "não queriam ver ruínas, queriam fazer compras". Katie perguntou: "porque não foram à Milão?". A menina eu entendo, era novinha não iria achar graça em um monte de construção velha. Aliás, tem gente que não gosta e pronto, não tem por que questionar...

Spencer voltou para encontrar a família e continuei com a Katie na peregrinação. Passamos pelo parque das águas, até que o calor e a fome esgotou a gente. Queríamos passar logo na fontana di trevi mas a fome e a vontade de comer a comida italiana venceram. Andamos MUITO. Passei mal, tive que comer uma pizza numa birosca na rua para disfarçar.

Descobrimos o lugar de restaurantes non turistas e pegamos o ônibus. Entramos tagarelando, meu inglês de indiano, misturado com a vontade de parlar italiano com a mãozinha, katie com o sotaque carregado from wet Wales reclamando que o código de barras do Roma pass dela estava apagado depois de um dia de uso por causa do suor, e um senhor engraçado rindo de tudo isso e me corrigindo no portaliano. Era Armando Castellani. Disse ele trabalhar com cinema, e ter feito alguns trabalhos com Wood Allen. Só sei que graças a ele bebemos uma cerveja boa, mangiamo una bona pasta, bebemos vinho bom e barato e tomamos o melhor gelato da minha vida.


Todos o conheciam na rua. Era um lugar cinematográfico, simples. Que sorte. Voltei com a barriga explodindo, peguei o trem velho, tomei um dos melhores banhos da minha vida e apaguei.

Dia seguinte: tinha marcado com a Katie, mas resolvi me deixar levar. Sozinha. Fontana, Pantheon, Circo Massimo, museus, fórum, casa dos césares Julio, Augusto e Trajano. Observei, tirei foto com um soldado romano que se chamou de "gaio julio cesar" - eles estão por toda parte, insistem para tirar foto e são até inconvenientes, mas esse estava tão triste com aquela roupa pesada naquele calor absurdo- fiz a pose errada, hahahaha. E finalmente praça da laranja, um dos lugares que possibilitam você a tirar fotos de metade de Roma. Lá vi um casal, que parecia estar sozinho na praça - que ficava no alto, era muito arborizada e tinha um teatro ao ar livre-. Senti saudade, fiquei cansada de estar sozinha. Comi, pizza, pizza, gelato. Voltei para o Hotel. Estava satisfeita, faltaram MUITOS lugares para conhecer, mas sei que voltarei. Não joguei a moedinha na fontana mas sei. Me despedi com um bom jantar no hotel, pasta, vinho, bruscheta e tiramisú e voltei.


A magia era maior que imaginava. Além de me sentir estranhamente em casa em alguns momentos, senti uma angustia muito grande perto do Circo Massimo e da casa do Augusto. Me senti em casa, me senti em casa. E minha sogra tem razão, educação e humildade é seu passaporte para qualquer lugar do mundo.

Roma 2





Roma 3





Roma 4





Roma 5





Roma 6





sábado, 5 de novembro de 2011

Stockholm






Desembarquei na Suécia, num aeroporto bem distante. Engraçado, o clima calmo já me contagiou. Todo mundo parece viver sem pressa, e trabalhar com prazer. Peguei o ônibus rumo a Estocolmo, sentindo um relaxamento estranho, afinal estava lá pelo congresso e não esperava muitas emoções. Cheguei. E não me lembro de ficar tão deslumbrada com um lugar. As construções gigantescas, água por toda parte, o clima fresco. Estava no centrão. Peguei um táxi para meu albergue.



Cheguei ao albergue com meu pôster de dois metros, esperando um lugar mais largado, aquela bagunça que todo mundo associa. Quando pisei lá, uma senhora super simpática logo me deu uma pantufa para usar naquele piso cheiroso e brilhante, e disse que como tudo era muito limpo, para eu usa-la e deixar sempre meu sapato na estante logo na entrada. Meu quarto tinha cheiro de sabão em pó, com um edredon fofão, um papel de parede igual a de uma casinha de bonecas, e um gato preto de metal pendurado na porta. Senti uma empolgação enorme! Me joguei na cama e lembrei que precisava levar meu pôster ao congresso para monta-lo, e pegar meu crachá, material...



Saí do albergue com meu pôster a tira colo, já com a sensação de segurança, de paz. O dia estava bonito, era feriado. Pedi informações a senhorinha do albergue e tive uma breve noção de onde ficava. Entrei na tal rua, acontecia uma feira de coisas. Coisas pessoais, roupas, livros, discos, objetos antigos... Um senhor tocando saxo, muitos cafés, um shopping gigante e uma fonte perto do metrô central. Achei. Ficava entre um café e uma loja muito brega. Toquei, toquei ninguém atendeu o interfone. Me senti ridícula com aquele pôster que parecia uma arma branca, pesado... Me senti sozinha, enganada... Vi uma lan house e entrei. Desabei no choro. O casal não sabia o que fazer comigo, e meu inglês estava pior a cada soluço. Ela foi muito receptiva, carinhosa... Disse para eu usar a internet de graça e me ofereceu o telefone. Achei o número do congresso, e descobri meu furo. O congresso ficava num lugar como o rio centro, e aquele era o escritório deles, que obviamente num domingo/ feriado estava fechado.

Ela me explicou e foi comigo até o lugar, de metrô. Disse para eu não me preocupar, que ela fazia uma reunião com mulheres que apanhavam do marido, e por isso estava acostumada com choro, e desespero. Fofa.



Cheguei! Um lugar enorme, no meio de muito verde, e muita luz. Entrei, ganhei meu crachá, meu material, e fui colocar meu gigante no lugar. O espaço separado para ele era lindo. Um espação, com duas lâmpadas. Fiz amizade com um chinês, bem direto e apressado. Pedi para ele ler meu artigo, e ele me pediu para ler o dele. Piada né? Aquele mandarim que só conhecia pelas tatuagens, poucos símbolos, com muita imagem. Chinês malandro, como as imagens estavam bem ilustrativas, falei que estava great o trabalho dele.



Fui embora querendo aproveitar Estocolmo. Eu que queria ficar lá só o tempo do congresso para sair fora, saia em plena luz do dia, do rio centro suéco comemorando ser 19h e ainda estar claro.



Cheguei ao albergue, coloquei minha senha na porta principal, e fui para meu quartinho. Dei notícias para o meu povo, e saí para comprar cotonete. Uma viciada, viajando sem. Comprei uma caixona de cotonetes, um shampoo para cabelos nórdicos, e um desodo fresh 24hours ! Saindo de lá, eis que o hard rock café me dá uma piscadela. Entrei, pedi a cerveja local e para inovar, coisa que nunca peço, uma porção de bruschettas. Veio a “Ola” e a porção. Que gostoso tudo. Fechei com um brownie e fui para meu cafofo de boneca. Dei sorte e ainda conversei muito tempo com Márcio.



Dia seguinte, congresso começava na terça, tive o dia livre. Andei o dia inteiro, tirei fotos, fui à museus, comprei (4SEK=1 Real). Cheguei , falei com a galera pelo Skype, tomei um banho e resolvi fazer o que mais gosto no Brasil, CINEMA!!! A comida lá não me agradou muito, por isso comi no mc antes do filme. Delícia, tudo delícia. Sair quase meia noite do cinema e voltar andando era uma sensação muito boa. Em plena segunda-feira, muita gente nos pubs, e aquela paz. A abertura do congresso seria à tarde, resolvi parar num pub e tomar um vinho. O verão deles é bem frio. Entrei no Casablanca, e pedi meu vinho. Estava tocando rock, e todos gritavam. Era o dia do QUIZ. Alguns casais turcos me chamaram para sentar, e participar com eles. Foram muito simpáticos, e não sabiam nada de rock, menos que eu. Bebi outra taça e voltei. Contei as boas novas, e dormi pesado. == O congresso merece um post só dele ==



Último dia. Quis aproveitar muito. Voltei nos lugares que fui, para tirar fotos mentais e com a máquina. Aquela água toda cortando a cidade, que na verdade é a união das ilhotas. O museu medieval, no nível da água, abaixo de toda cidade construída. O museu do ballet, a biblioteca, os palácios, os cafés. Um aliás, dentro de um bosque. O cheiro de limpeza até mesmo no metrô, e de máquinas novas. Aquela língua louca, que cada hora me parecia parecida com uma. Russo misturado com francês, alemão com holandês. As propagandas que não faziam sentido nenhum para mim. - Como a de um pai com avental fazendo um bolo de camadas. Tinha pela cidade inteira. - As crianças lindas, aquela água fresca, de graça. Beber água de graça faz muito mais sentido. No banho, nos pubs. Muito bom! Comprei minha mochila, peguei minha mala, fiz o check out, e peguei o metrô sentido aeroporto de “Arlanda”.



Chegando lá, tentei pegar meu tax, mas descobri que só no final da viagem poderia fazer isso. Estava triste, tinha gostado tanto daquela paz, daquele mundo diferente. Encontrei um casal na fila do check in. Eram italianos, ou melhor romanos voltando para casa. Eles foram para Estocolmo acampar, e remar. E Roma era meu próximo destino. J

Stockholm Parte 2





Stockholm Parte 3





Stockholm Parte 4