sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Le Petit Nicolas


Quando penso nas primeiras sensações e imagens do mundo me que vem à cabeça, lembro da minha mãe se desdobrando para colocar um presente da "fada do dente" embaixo do meu travesseiro, do leite quase que sem chocolate que meu pai preparava, do meu triciclo, das tardes que passava brincando as vezes até sem saber o nome da amiga, da bruxa que eu tinha certeza que existia atrás da minha cortina, da cabana de edredon que meu irmão construía, dos meus sonhos malucos, e da visão quase futurista que uma criança tem da vida.

Com todos esses padrões estabelecidos, esquecemos o quanto é bom levar a vida com leveza.
Não deixar o medo tolhir você. Olhar para o mundo, de um jeito romântico, cheio de fé, atraído pelos desafios. Se achar especial diante da galáxia, ao invés de se sentir pequeno dentro de um quartinho, ou de um escritório. O que você quer ser quando crescer? Já abandonou seus planos?
Já considera suas manias ridículas e se sujeita ao blasé? Não se estimula mais com aquele sonho maluco?

Lembra do quanto era gostoso, enxergar as coisas com os nossos olhos? Nenhum projeto parecia grande, porque tudo comparado até mesmo à você era imenso (tiquinho de gente), mas não nada superava suas idéias mirabolantes.

Fico extasiada quando vejo fotos de qualquer pessoa, quando criança. Melhor ainda quando reconhecemos na hora, o mesmo olhar.

Eu tenho uma coisa muito maluca, culpa desse coração mole; não consigo guardar nada de ruim de uma pessoa que eu tenha visto como ela era na infância. Está ai a dica para se safar de qualquer uma comigo. De repente se eu visse uma foto do hitler moleque ainda sim ia querer dar uns cascudos. Por isso, salvo as exceções, nada me derrete mais do que um olhar de criança. Ah, outra história: meu ex sogro passou para DVD imagens lindas, de quando os filhos eram crianças. Acho que naquela época nunca fui tão apaixonada pelo meu ex, depois que assisti. E, quando estava chateada com ele, era só assistir (é, fiz uma copia para mim!!!) que toda a discussão sumia da cabeça.


Talvez eu tenha um jeito muito diferente de encarar a vida. Minha mãe diz que pode ser por eu ter sido ou ser não sei uma criança índigo, minhas amigas dizem que por eu ser muito aberta e me entregar com facilidade, meu chefe vive puxando minha orelha pelas minhas reações imediatas e precipitadas...


Se me fizerem essa pergunta, complexa, sacana até "o que você quer ser quando crescer", hoje respondo sem medo: "quero continuar vendo o mundo com olhos de criança". Acho até que existe uma letra com essa frase, talvez brega, clichê, mas verdadeira. Se desse percurso que fiz até agora, tiver alguma coisa que eu possa ter orgulho é disso. De continuar a mesma, com uma bagagem maior, algumas curvas que se eu não tomar cuidado virarão lombadas, umas cicatrizes, algumas responsabilidades, novos sonhos, um pouco menos de ansiedade, um pouco mais de café, de bom senso...


É, o grande desafio é esse...

“hay que endurecer, pero sin perder la

ternura jamás”

che guevara

* Assistam esse filme! Tem gostinho de sonho!!!



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