segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar








Eles são citados em livros, filmes, contos, músicas... Na maioria das vezes, são narrados, definidos e homenageados de uma forma doce. Compartilham histórias, conhecem você - apesar de toda complexidade-. Aquele conselheiro, um pouco palhaço, um pouco irmão, um pouco mãe, um pouco filha também... São pessoas escolhidas para o nosso convívio, para o nosso desabafo, para mostrar todos os lados, para serem companheiros em qualquer aventura, para dizer "para sempre com você" - sem medo de ser piegas, louco de pedra-. Verdadeiros anjos na terra, imagine só o trabalho que a vida teve só para fazer esse encontro acontecer?
As vezes nem mesmo um bom livro, uma música alta, a família, o namorado, 2 litros de sorvete, conseguem fazer você sorrir.
SÓ MESMO O SEU AMIGO.



Em 1992 tive um grande encontro. Na verdade, só fui ter consciencia desse encontro anos depois.
Ela era loirinha, cheia de sardas, com o cabelo escorrido, agitada, cheia de opinião, e bem metidinha (mas tão lindinha!!!).

Nós não batiamos, aliás discutiamos muito, nossas amizades eram completamente diferentes. Bem, não sei como nos acertamos, só sei que não me imaginava mais sem essa amiga divertida do lado. Até o dia em que consegui me abrir, pela primeira vez, para a primeira pessoa em 2000. Aí pronto: era a pessoa que mais sabia de mim, que sabia me divertir, me acalmar, me segurar nas explosões, me aconselhar...


Um pouco antes disso, nosso maior sonho se realizou - fui morar pertinho dela - e tivemos o luxo de sair toda tarde, para nos
visitarmos DE BIKE!!!! Estudávamos juntas, fazíamos espanhol depois do colégio, e depois ainda andávamos de bicicleta a tarde toda.
As visitas de bike acabaram quando o dragon (in memoriam)- o rottweiler dela, comeu a minha bike, estacionada lá. HAHAHAHAHA

Sem contar com aquela casa maravilhosa, que eu me sentia muito à vontade, que era cheia de guloseimas, que tinha aquele computador
(o primeiro das amigas com internet), aquele quarto mágico, TUDO!

Era aquela amiga completona: estudiosa (me ajudou muito), inteligente, engraçada, pura, desajeitada, safa, animada, cumplice, confidente...
Nos víamos na aula, nas festinhas de 15 anos, passávamos o fim de semana uma na casa da outra, rock'in'rio, carteira falsificada, praia, piscina, cinema, laser shot, filmes bizarros caseiros, filmes toscos alugados, muito catupiry com pizza, concurso de arroto regado à coca-cola, luau, brigadeiros disputados à tapa, sociedade nas roupas, fanátismo por música, cartinhas de niver, de desculpas, de desabafo, inúmeras zuações nos passeios da escola, nas viagens, no carro quando os pais dela levavam e meu pai e irmãos buscavam dos lugares...

Os anos passaram, nossa amizade foi de estudos sociais, à nox de química, à trabalhos na faculdade, à formatura dela em jornalismo...


Essa capricorniana, foi meu refúgio quando meus pais se separaram,meu primeiro "eu te amo" para um amigo, passou mal quando soube do meu atropelamento,foi o tema da minha redação da UFF, chorou comigo quando vimos meu resultado no vstibular,me deu dicas para a entrevista de trabalho e vai ser sempre meu porto seguro.

Quando era novinha, pedia muito à Deus e aos meus pais uma irmã. E realmente, a vida não poderia ter sido mais bondosa, mais precisa,
mais coerente quando trouxe essa irmã de alma, também filha de yemanjá, para o meu lado.

Quem ler, pode até pensar que somos parecidas. Até somos, em muitas coisas. Mas ela é meu ponto de equilíbrio. Eu sou o impulso, ela a reflexão, a razão. Não concordamos em diversos pontos, fazemos leituras sempre diferentes, de repente o que faz da nossa amizade ser sempre rica, ter assuntos inacabáveis.

Por mais maluca que seja minha idéia, ela está lá, confiante, cobrando sempre a minha entrada na batalha, certa de que vencerei.


Há muito não brigamos, nos ligamos de madrugada sem o menor problema quando precisamos, estamos sempre em sintonia,nossas mães ficaram muito amigas, os amigos dela se tornaram meus e os meus dela,nos entendemos, e continuamos as mesmas menininhas, bobinhas de sempre... É amizade antiga tem disso.


Decidi escrever hoje, porque dia 2 de fevereiro é um dia muito especial para nós duas. Fizemos nosso refúgio no mar, não importa o turbilhão que estivermos, encontramos nossa paz lá.

Minha querida amiga, escrevo um texto pobre, e muito à quem da pessoa espetacular que você é.
Minha irmã de alma, pedaço de mim, amiga de sei lá quantas existencias. Certamente nossa amizade sempre se renovará, e à cada dia descobrirei um pouco mais desse presente sardento que a vida me deu. =)


* E nem preciso dedicar à criança que você foi. Porque na nossa amizade, ela nunca deixou de existir.
*"Grandes desafios serão dados à grandes mulheres". E não é que aquele homem do samba, que se despediu com essa frase de efeito, estava certo?!





Quando o dia vem varando a alvorada
Antes mesmo de nascer a luz do sol
A beleza nunca é desperdiçada
Existe
Sozinha

Quando a água morna molha nossas pernas
E a areia massageia nossos pés
A beleza sempre é compartilhada
É sua
É minha

Nas manhãs de Itapuã que o vento varre
Os coqueiros já conhecem as canções
Repetidas ou
Repentinas vêm
Consolar o meu coração
As vontades vêm
As saudades vão
Amanhece mais um verão

No calor do sol o céu da boca salga
E o mar na alma acalma o caminhar
Pra que haja areia sal e água e alga
As ondas
Não voltam

Cada dia uma nova eternidade
Para sempre aquela pedra roncará
A aurora se transforma em fim de tarde
De novo
De novo

Quantos risos misturei ao som das águas
Quantas lágrimas de amor molhei no mar
No mais íntimo
Dos mais íntimos
Dos lugares desse lugar
Lugar público
Colo e útero
Amoroso de Yemanjá

Arnaldo Antunes











































Nenhum comentário:

Postar um comentário