sábado, 24 de abril de 2010

Imersa

Depois de uma enxurrada, no sentido figurado e literal, volto para cá, para essa descoberta que fiz ano passado, a forma que encontrei de encarar uma nova rotina, e de mergulhar em mim mesma. Incrível, como nos mostramos verdadeiramente diante de situações difíceis, quando nos deparamos com aquela montanha, que parecia ser impossível de atravessar. Nesse momento conhecemos nossa força, acendemos uma luz (que talvez sempre esteve lá) e conhecemos também mais as pessoas.


Fiquei apática, ou em choque nas semanas anteriores. Talvez um pouco pelas dificuldades que enfrentei, ou pelo drama em geral, que muita gente passou. E algumas coisas ficaram mais evidentes do que nunca: como nosso desenvolvimento na educação afeta toda nossa vida. Sendo mais clara, como as péssimas decisões feitas pelas pessoas que elegemos, a desvalorização dos nossos profissionais, aliás do país todo, leva, cada vez mais gente inocente. Digo leva também em todos sentidos. Quando não nos estruturamos para que todos vivessem com dignidade, quando esquecemos e consequentemente criminalizamos quem não teve chance alguma, como entregamos nossos recursos naturais, e importamos tecnologias que poderiam ser desenvolvidas por nós. Eu cheguei em um ponto, que não é só mais aquele malabarista no sinal que me faz sentir vergonha de mim mesma, hoje são raras as coisas que não caem como uma pedra na minha consciência e nas minhas convicções. Quero me doar tanto, quero contribuir de tantas formas, que fico perdida e não sei por onde começar. De repente, dei o primeiro passo tentando me modificar, para daí traçar metas para que nas próximas gerações, nossos profissionais sejam valorizados e de ponta, a população viva com o conforto merecido por qualquer um, e nossos bens naturais e a nossa política não sejam vendidos por nenhum valor, por nenhuma mesquinharia.


E por isso, depois que essa água toda passou, consigo ver nítidamente não só as questões externas, como as internas também. Vi que o valor e a minha estima pela vida não são palpáveis, vi que não quero mais fingir, falar a verdade é muito mais libertador, e o meu impulso agora é em viver de uma forma diferente, não desviar do caminho da evolução, ser honesta comigo e com os outros, e agora com uma exigência de valores muito maior. Não mais grosserias, insensibilidades, mesquinharias, e sapos engolidos sem necessidade. Pois toda lágrima, toda luta, toda gargalhada verdadeira é imune à toda essa maquiagem.











"Eu só vou se for prá ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor..."

Um comentário:

  1. Querida Lary,
    Você é com certeza uma pessoa iluminada. Você coloca, de uma maneira tão humilde e sincera uma das coisas que, pra mim, é a solução pra tantas loucuras desse mundo: a educação das emoções. Só as emoções tem pulsão, só nelas que o desejo pode se aliar a uma ação. E na teoria é muito bonito mas a prática é uma "terapia cotidiana". Tendemos, cada vez mais nessse modelo de sociedade, sentir pouco. Não ser tocado por nada seria muito bom - pq sentir é desconfortante e te tira da inercia - se não nos deixassem tão doentes.
    Vamos "aproveitar" todas as tragédias urbanas que estamos vivendo nesses últimos dias para deixar toda essa água passar por dentro de nós. Vamos sentir isso, usar da razão apenas para as associações entre o que sinto e o que vejo e agir com o coração. Sem esquecer!

    "que eu não sou ninguém de ir
    em conversa de esquecer
    a tristeza de um amor
    que passou"

    ResponderExcluir