segunda-feira, 15 de março de 2010

Vai passar?




Não existe lugar no mundo sem ser o Brasil, que eu moraria. Quero conhecer o mundo, não perderia uma oportunidade de estudo ou uma viagem para conhecer outro lugar. Mas tudo com tempo definido. Me identifico com o Brasil, minhas raízes estão aqui, apesar das minhas críticas serem infinitas. Outro dia li uma entrevista com a Zélia, falando sobre o plano Collor ( que comemora 20 anos). Ela ainda afirma que o plano foi coerente, e que se justificou pela pressa que o governo tinha devido à inflação exorbitante.


VIDA ATUAL DA ZÉLIA (ECONOMISTA RESPONSÁVEL)

"Eu trabalho em consultoria [em Nova York], tenho um escritório com dois sócios americanos. Eu tenho uma originação de negócios no Brasil, grupos de pessoas, grupos de empresas que procuram investidores, e os meus sócios acham esses investidores para alocar recursos em alguns projetos no Brasil. Não é consultoria macroeconômica, nada disso. É como se fosse um pequeno banco de investimentos buscando oportunidades no Brasil para investidores estrangeiros."



Nem preciso comentar sobre o plano, o desespero de muitas pessoas e a arbitrariedade do governo. Mas, o mais chocante foi a apatia e a passividade dos brasileiros diante do cenário político e econômico em 1990, comentado nos demais países.


Passando para outra época, a da ditadura. Uma das matérias que mais gostei de estudar. Não sei se pelo absurdo ou pela luta estudantil. Sempre pensei "Nossa se eu fosse viva na época, certamente iria para as ruas, seria "subversiva", não ficaria calada!". Vivo numa época pior, com fatos ridículos, tendo como protagonistas alguns dos nossos queridos estudantes que tanto lutaram nos "anos de chumbo". E eu assisto à tudo isso, sem me mover, somente de boca aberta, uma revolta e um sarcasmo que em nada ajudam. Sinto minhas idéias, minha vontade e meu voto nulos. Não sei se é falta de fé, se me contaminei com a passividade, ou se passei a acreditar mais na corrupção do que na "ordem e progresso".





Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história,
passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos erravam cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral... vai passar


VAI PASSAR (1984)

Composição: Chico Buarque e Francis Hime





"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons!"

Martin Luther King


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